Quando comecei a ler as lendas antigas dos indígenas do Brasil, quase ria a cada página com a inesgotável fantasia poética e a maravilhosa imaginação dos Guaranis. A nação não deixou templos imponentes, nem cumpridas escadarias que chegavam até o firmamento; coisas que tanto admiramos mas muitas vezes não compreendemos o seu significado, e compreenderíamos ainda menos um povo sem as qualificações descritas anteriormente.
As lendas sobre a formação das coisas e a explicação dos fenômenos neste imenso Brasil; tem em comum uma linha fantástica de transformações e comportamento... Além de muita coisa enigmática.
Poderia dizer que através das lendas, os índios relatam a História dos Sentimentos; identificam-se com os fenômenos naturais do calor, da escuridão, das mudanças, do passar do tempo, já que não tem dúvidas, de que algum dia, eles foram tudo isso.
Todos os personagens desta grande Epopéia Indígena são maliciosas, competitiva. E não poderia ser de outra forma, dadas as condições que deveriam desenvolver-se.
Em todas as lendas indígenas o Sol se defende e introduz o sentimento de vingança e paixão que lhe é característico. A Lua briga pela conquista da noite. Algumas vezes a favor do Sol e em outras contra, ambos em harmonia criam um triângulo junto à Terra. Que sempre será Mulher: a Mãe, a fonte incontestável. O Todo se realizará através da sua herança.
Milhões de Sóis e Luas se movimentam no espaço celeste, mas a Via Láctea é uma enorme mancha de semem percorrendo desesperadamente em busca de algumas poucas Terras fecundadoras de vida. Por último, que o dizer que tanta loucura poética jorrada pelas lendas Guaranis sobre a minha cabeça, só serviram para inspirar em mim um simples Canto de Amor a Natureza.
David Kullok