O forte sentimento de uma história comum latino-americana produziu há duas décadas a expectativa de um grande grupo que apresentasse espetáculos intensos e bem produzidos para grandes platéias.
( Enzo Merino, Oscar Segovia, Julio C. Peralta, Isabel Ribeiro, Celso Ribeiro, Tony Osanah, Mariana Avena, Freddy Góes e Willy Verdaguer - A primeira formação do Raíces de América )
Em fins de 1979, o visionário empresário Enrique Bergen, argentino radicado no Brasil, teve a feliz idéia de formar um grupo de música latino-americana que se sobressaísse dos padrões corriqueiros da época, quando os grupos do gênero mantinham características primordialmente folclóricas em seus repertórios e formações.
Raíces de América é formado então por músicos argentinos, chilenos e brasileiros, e vêm caminhando lado-a-lado com o emergente interesse pela música e cultura latina.
Em 1980, tendo a lendária Mercedes Sosa como madrinha, o Raíces de América estreou em São Paulo, com direção de Flávio Rangel, um espetáculo maravilhoso que contava com performances e arranjos ricos e modernos, iluminação, figurino e cenografia elaborados especialmente para o show, e com declamações de emocionantes poemas da América na pele da atriz Isabel Ribeiro. Nos anos seguintes vieram produções assinadas por Mirian Muniz e Cláudio Luchesi. O Raíces de América conquistou imediatamente a simpatia do público brasileiro; especialmente os estudantes, na época engajados nos movimentos Abertura e Diretas; não somente pela inegável qualidade de seus músicos, interpretes e arranjos, mas principalmente pela arrojada concepção do espetáculo, que transitava por temas políticos, folclóricos, cotidianos e musicais da América Latina com extrema alegria, sensibilidade e bom gosto.
Tantos atributos renderam ao Raíces de América a confecção de onze discos, dez deles lançados pela Gravadora Eldorado e um pela Gravadora Copacabana. Em sua participação no Festival MPB Shell no ano de 1982, promovido pela Rede Globo de Televisão, conquistou o segundo lugar com a música Fruto do Suor, composta por integrantes do grupo, canção esta que se tornou verdadeiro hino para os imigrantes latinos radicados no Brasil. Realizou duas turnês pela Europa (Espanha, Holanda e Bélgica); destacando-se a brilhante participação no prestigiado Festival Ibero-Americano de Teatro de Cádiz (Espanha).
Ao comemorar dez anos de história, o grupo ratifica suas preocupações sociais, incorporando novos temas, como, o menor abandonado, o preconceito racial e a nova problemática da América do Sul, recém saída de duas décadas de ditaduras militares. Em 1995, no Memorial da América Latina, em São Paulo, acontece o histórico Concerto Latino, unindo as sonoridades do Raíces de América e da "Banda Sinfônica do Estado de São Paulo", corpo profissional da Universidade Livre de Música "Tom Jobim". É o grande recorde de público da Temporada da Banda Sinfônica.
O novo milênio recebe Raíces de América completando 20 anos de carreira. Com o grupo cada vez mais olhando para o interior de sua América do Sul. Cantando, como sempre cantou e sempre cantará, a "esperanza de América", que emana de todos seus povos e suas tribos, a cada dia. A raça índia sempre nascerá!